O meu coração é um boémio atrevido
que ousa amar, amar perdidamente...
Apesar de nunca ser correspondido
nunca meu coração há desistido
de amar, amar tão loucamente...
Boémio coração, sempre sentindo
palpitações e desvarios e amarguras...
Mas de amar nunca desistindo,
que se um amor se vai outros vêm vindo,
trazendo cada um novas loucuras...
MIGUEL AFONSO
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
O meu coração é um vagabundo
O meu coração é um vagabundo
que vai trilhando ruas e caminhos
entre todas as desgraças deste mundo
buscando em toda a parte os teus carinhos.
Mas são tantas as maleitas e espinhos
que o assaltam e o ferem sem cessar
que ele se sente o pior dos pobrezinhos
mendigando a esperança de te amar...
MIGUEL AFONSO
que vai trilhando ruas e caminhos
entre todas as desgraças deste mundo
buscando em toda a parte os teus carinhos.
Mas são tantas as maleitas e espinhos
que o assaltam e o ferem sem cessar
que ele se sente o pior dos pobrezinhos
mendigando a esperança de te amar...
MIGUEL AFONSO
Desistência
Desisto de desistir de ti
e faço-te um poema de perdão
em que me perdoo esta paixão
e me entrego à revolta que senti
quanto te tentei matar no coração...
MIGUEL AFONSO
e faço-te um poema de perdão
em que me perdoo esta paixão
e me entrego à revolta que senti
quanto te tentei matar no coração...
MIGUEL AFONSO
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Permite-me
Permite-me que te lembre,
deixa que te recorde...
pode ser que o meu coração
adormeça e não acorde.
MIGUEL AFONSO
deixa que te recorde...
pode ser que o meu coração
adormeça e não acorde.
MIGUEL AFONSO
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Poético e patético
Era um tempo belo e poético
andava a poesia pelo ar
mas tudo se tornou então patético
quando acabei por acordar.
Acordei enfim para a tristeza
para a desilusão de perceber
que isso de amar tem pouca beleza
quando se ama um sonho a morrer.
Morrias para mim e eu deixava
fingia que estava tudo bem
e então a poesia agonizava
ameaçando morrer ela também...
E tudo se tornou então patético:
tu morrias para mim e eu deixei
e esse tempo belo e poético
é mais um sonho do qual acordei...
Miguel Afonso
andava a poesia pelo ar
mas tudo se tornou então patético
quando acabei por acordar.
Acordei enfim para a tristeza
para a desilusão de perceber
que isso de amar tem pouca beleza
quando se ama um sonho a morrer.
Morrias para mim e eu deixava
fingia que estava tudo bem
e então a poesia agonizava
ameaçando morrer ela também...
E tudo se tornou então patético:
tu morrias para mim e eu deixei
e esse tempo belo e poético
é mais um sonho do qual acordei...
Miguel Afonso
Horrores
Andei pelas florestas e montanhas
desesperando encontros e amores
mas só encontrei dores tamanhas
que me revolveram as entranhas
e tornaram os meus sonhos em horrores...
MIGUEL AFONSO
desesperando encontros e amores
mas só encontrei dores tamanhas
que me revolveram as entranhas
e tornaram os meus sonhos em horrores...
MIGUEL AFONSO
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Anseio
Ouve, ternura,
por onde andas?
Por onde guardas os teus passos
por onde foges aos abraços
que te anseio?...
Miguel Afonso
por onde andas?
Por onde guardas os teus passos
por onde foges aos abraços
que te anseio?...
Miguel Afonso
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Espaço
Há espaço no meu quarto,
espaço a mais.
Arrumo a vida e ela arruma-se em mim,
escondo a alma e ela mostra-se a ti,
fujo aos segredos e revelo o que não vi
e no fim apenas resta muito espaço
muito espaço no meu quarto.
Dei-te o meu abraço, o aconchego
protegi do frio as tuas mãos
mas tu congelaste a minha alma
afugentaste na noite o meu sossego
e transformaste em nada esse segredo
que se tornou espaço e nada mais...
MIGUEL AFONSO
espaço a mais.
Arrumo a vida e ela arruma-se em mim,
escondo a alma e ela mostra-se a ti,
fujo aos segredos e revelo o que não vi
e no fim apenas resta muito espaço
muito espaço no meu quarto.
Dei-te o meu abraço, o aconchego
protegi do frio as tuas mãos
mas tu congelaste a minha alma
afugentaste na noite o meu sossego
e transformaste em nada esse segredo
que se tornou espaço e nada mais...
MIGUEL AFONSO
Dezembro
Chegou Dezembro... recordas-te de outros Dezembros, do frio, da lareira?
Era uma vez uma princesa com coração de rainha,
rainha de todos e nunca foi a minha...
MIGUEL AFONSO
Era uma vez uma princesa com coração de rainha,
rainha de todos e nunca foi a minha...
MIGUEL AFONSO
domingo, 21 de novembro de 2010
Passeios
Passeio ao pé do mar nesta tarde de Outono
neste domingo triste, neste dia de solidão
o meu coração é um mendigo ao abandono
que estende à caridade a sua mão.
Mendigando amor vou perseguindo uma ilusão
olhando as ondas, vendo as vagas a crescer...
e dentro do meu ser cresce esta dor e esta paixão
e nos olhos se me espraia este sofrer.
O mar entende-me... e aceita estes desabafos
escuta e compreende o que sinto e o que lhe digo
sabe como anseio o doce toque dos teus braços
entende como sofro por não poder estar contigo...
Perdoa, amor, se te maço ao dizer isto
se te aborreço com os meus devaneios
mas recordar-te é algo a que não resisto
quando ao pé do mar dou estes passeios...
MIGUEL AFONSO
neste domingo triste, neste dia de solidão
o meu coração é um mendigo ao abandono
que estende à caridade a sua mão.
Mendigando amor vou perseguindo uma ilusão
olhando as ondas, vendo as vagas a crescer...
e dentro do meu ser cresce esta dor e esta paixão
e nos olhos se me espraia este sofrer.
O mar entende-me... e aceita estes desabafos
escuta e compreende o que sinto e o que lhe digo
sabe como anseio o doce toque dos teus braços
entende como sofro por não poder estar contigo...
Perdoa, amor, se te maço ao dizer isto
se te aborreço com os meus devaneios
mas recordar-te é algo a que não resisto
quando ao pé do mar dou estes passeios...
MIGUEL AFONSO
Sede
Ouvi o mar repetindo o teu nome nas marés
e o vento sibilando fantasias...
esta sede de te amar é uma tortura
que me assombra as noites e os dias
e padeço e enlouqueço e tu não vês
nem te compadeces destas agonias...
e o mar vai repetindo o teu nome
e o vento sibilando fantasias...
MIGUEL AFONSO
e o vento sibilando fantasias...
esta sede de te amar é uma tortura
que me assombra as noites e os dias
e padeço e enlouqueço e tu não vês
nem te compadeces destas agonias...
e o mar vai repetindo o teu nome
e o vento sibilando fantasias...
MIGUEL AFONSO
sábado, 20 de novembro de 2010
Era contigo
Esta noite é o silêncio que eu respiro
esta sinfonia muda de sons e melodias
que guardo no meu peito
porque o tempo parou há muito tempo
quando nada mais em mim havia
do que um sonho insatisfeito.
E era contigo que eu sonhava...
MIGUEL AFONSO
esta sinfonia muda de sons e melodias
que guardo no meu peito
porque o tempo parou há muito tempo
quando nada mais em mim havia
do que um sonho insatisfeito.
E era contigo que eu sonhava...
MIGUEL AFONSO
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Nostalgia
Hoje quero recordar os teus olhos
recordar o teu sorriso
recordar o teu amor...
Foste um segredo que guardei no peito
foste uma dor que me levou a alma
imolação que sofri sem refrescor.
Eras ânsia de Primavera,
calor de Estio abrasador,
lume que me castigava
ardendo no meu peito sem cessar,
sede que sofri do teu olhar
e que nenhuma água apagava...
Hoje és apenas a saudade,
o rio que se perdeu nos teus olhos,
o sorriso apagado das estrelas
e o sonho inalcançável que persigo
ao recordar o teu olhar
e desenhar o teu sorriso...
MIGUEL AFONSO
recordar o teu sorriso
recordar o teu amor...
Foste um segredo que guardei no peito
foste uma dor que me levou a alma
imolação que sofri sem refrescor.
Eras ânsia de Primavera,
calor de Estio abrasador,
lume que me castigava
ardendo no meu peito sem cessar,
sede que sofri do teu olhar
e que nenhuma água apagava...
Hoje és apenas a saudade,
o rio que se perdeu nos teus olhos,
o sorriso apagado das estrelas
e o sonho inalcançável que persigo
ao recordar o teu olhar
e desenhar o teu sorriso...
MIGUEL AFONSO
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Garotos
Não sei se sabes a dita
Que a tua vida contém:
Não és feia nem bonita
E estás assim muito bem.
Bela chinela calçaste
No teu pezinho maroto
E com ela tu pisaste
O meu amor de garoto.
E as mentiras que saíram
Da tua boca marota
São flores que não floriram
No teu olhar de garota.
Eu era gaiato alegre
Até conhecer a vida
E quem a alegria perde
Até lhe a alma é perdida.
Miguel Afonso
Que a tua vida contém:
Não és feia nem bonita
E estás assim muito bem.
Bela chinela calçaste
No teu pezinho maroto
E com ela tu pisaste
O meu amor de garoto.
E as mentiras que saíram
Da tua boca marota
São flores que não floriram
No teu olhar de garota.
Eu era gaiato alegre
Até conhecer a vida
E quem a alegria perde
Até lhe a alma é perdida.
Miguel Afonso
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Eu sou romântico
Eu sou romântico
e os meus versos são um doce cântico
ao amor que me seduz;
canto a paixão, a saudade
canto esta dor que me invade
como uma sombra na luz.
Eu sou romântico
e os meus versos são um doce cântico
ao amor que me escraviza;
a minha alma canta e chora
aquela que me enamora
e que me atemoriza...
Miguel Afonso
e os meus versos são um doce cântico
ao amor que me seduz;
canto a paixão, a saudade
canto esta dor que me invade
como uma sombra na luz.
Eu sou romântico
e os meus versos são um doce cântico
ao amor que me escraviza;
a minha alma canta e chora
aquela que me enamora
e que me atemoriza...
Miguel Afonso
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Teu reino
Quando as marés eram o reino em que vivias
e eu um príncipe, quebrando a barreira dessas águas,
a vida era o silêncio que calava
toda a imensidão das minhas mágoas.
Fui nostalgia, quebrando as marés
na ansiedade de te ter junto a mim
sem sequer saber ou desvendar
esse reino escondido em teu jardim.
Tu foste um sonho alado
que já bateu as asas e voou
e eu fiquei retido no passado
que daqui se foi e não voltou.
Tu vivias escondida no teu reino
e eras fada ou feiticeira
eu era apenas príncipe encantado
que nos teus olhos via a vida inteira.
E foi assim, assim era este amor
um amor que foi amaldiçoado
encanto que nasceu pra ser quebrado
maldição que me era bênção e louvor.
Eram as marés esse teu reino
eram as marés o teu refúgio…
E eu era príncipe inexperiente
tentando navegar, ser um marujo
nesse teu mar de sonho sempre ausente
quebrando as barreiras
subindo amargas ondas
nas revoltas águas de um mar sujo…
E o tempo passou…
O mar em que vivias já secou
teu reino dissipou-se e já não és
rainha do meu sonho, que findou
levando a minha alma… e pisou
todas as minhas mágoas aos teus pés…
MIGUEL AFONSO
e eu um príncipe, quebrando a barreira dessas águas,
a vida era o silêncio que calava
toda a imensidão das minhas mágoas.
Fui nostalgia, quebrando as marés
na ansiedade de te ter junto a mim
sem sequer saber ou desvendar
esse reino escondido em teu jardim.
Tu foste um sonho alado
que já bateu as asas e voou
e eu fiquei retido no passado
que daqui se foi e não voltou.
Tu vivias escondida no teu reino
e eras fada ou feiticeira
eu era apenas príncipe encantado
que nos teus olhos via a vida inteira.
E foi assim, assim era este amor
um amor que foi amaldiçoado
encanto que nasceu pra ser quebrado
maldição que me era bênção e louvor.
Eram as marés esse teu reino
eram as marés o teu refúgio…
E eu era príncipe inexperiente
tentando navegar, ser um marujo
nesse teu mar de sonho sempre ausente
quebrando as barreiras
subindo amargas ondas
nas revoltas águas de um mar sujo…
E o tempo passou…
O mar em que vivias já secou
teu reino dissipou-se e já não és
rainha do meu sonho, que findou
levando a minha alma… e pisou
todas as minhas mágoas aos teus pés…
MIGUEL AFONSO
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Namoro
Não deixes que o teu sorriso
Morra na boca onde mora
Tua alegria é meu siso
Tua boca minha amora
E quando vejo esse riso
Toda a minh’alma o devora.
Todo o meu ser se enamora
Dos teus beijos, tua sina
Do teu olhar de menina
Da tua boca marota
Do teu jeito de garota
Que me prende e me domina.
Miguel Afonso
Morra na boca onde mora
Tua alegria é meu siso
Tua boca minha amora
E quando vejo esse riso
Toda a minh’alma o devora.
Todo o meu ser se enamora
Dos teus beijos, tua sina
Do teu olhar de menina
Da tua boca marota
Do teu jeito de garota
Que me prende e me domina.
Miguel Afonso
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Ondas de mágoas
Ondas de mágoas fizeram o meu barco naufragar
fizeram minha alma flutuar em águas negras
e tu não te importaste
eu não te vi chorar
não vi teus olhos a guiarem-me nas trevas…
Ondas de mágoas fizeram o meu barco naufragar
o meu coração mergulhou num mar de espuma
para onde o enviou o teu olhar
Águas negras o envolveram e abraçaram
e desapareceu na noite escura
mas teus olhos não choraram…
Miguel Afonso
fizeram minha alma flutuar em águas negras
e tu não te importaste
eu não te vi chorar
não vi teus olhos a guiarem-me nas trevas…
Ondas de mágoas fizeram o meu barco naufragar
o meu coração mergulhou num mar de espuma
para onde o enviou o teu olhar
Águas negras o envolveram e abraçaram
e desapareceu na noite escura
mas teus olhos não choraram…
Miguel Afonso
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Pedacinho de lua
Tive um pedacinho de lua nos meus braços
quando abracei teu corpo ao luar;
Mas perdi-me nesses sonhos de abraços
e desde então não mais me soube encontrar…
Miguel Afonso
quando abracei teu corpo ao luar;
Mas perdi-me nesses sonhos de abraços
e desde então não mais me soube encontrar…
Miguel Afonso
terça-feira, 20 de julho de 2010
Meu interesse por ti
Meu interesse por ti
nasceu numa Avé-Maria
quando rezando te vi
de joelhos nesse dia
aos pés de Nossa Senhora
no altar da nossa igreja.
Desde então até agora
meu coração te corteja
sem que tenha a ousadia
de te falar ou dizer
o que nessa Avé-Maria
a Virgem lhe fez saber.
Meu interesse por ti
nasceu numa Avé-Maria
quando a tua alma vi
sorrindo como sorria,
quando, olhando, percebi
o poder da oração
que me elevou para ti
com a força da paixão
aos pés de Nossa Senhora
que abriu o meu coração
e logo naquela hora
me fez querer tua mão.
Miguel Afonso
nasceu numa Avé-Maria
quando rezando te vi
de joelhos nesse dia
aos pés de Nossa Senhora
no altar da nossa igreja.
Desde então até agora
meu coração te corteja
sem que tenha a ousadia
de te falar ou dizer
o que nessa Avé-Maria
a Virgem lhe fez saber.
Meu interesse por ti
nasceu numa Avé-Maria
quando a tua alma vi
sorrindo como sorria,
quando, olhando, percebi
o poder da oração
que me elevou para ti
com a força da paixão
aos pés de Nossa Senhora
que abriu o meu coração
e logo naquela hora
me fez querer tua mão.
Miguel Afonso
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Metáfora
Sou a alma de um pássaro que erra
Aos desencontros na atmosfera
E vai poisar nos ramos da oliveira
Mais escondida da serra.
Alma, pássaro, oliveira
Metáfora oculta, pasmaceira
De quem não aprendeu ainda a regra
De escrever calando… tábua, loisa
Canto, dor, nefasta coisa
Ou a alma de um pássaro na atmosfera…
MIGUEL AFONSO
Aos desencontros na atmosfera
E vai poisar nos ramos da oliveira
Mais escondida da serra.
Alma, pássaro, oliveira
Metáfora oculta, pasmaceira
De quem não aprendeu ainda a regra
De escrever calando… tábua, loisa
Canto, dor, nefasta coisa
Ou a alma de um pássaro na atmosfera…
MIGUEL AFONSO
domingo, 30 de maio de 2010
Parafraseando Pessoa
Toma-me, ó noite, em teus braços
e embala-me o sono
faz-me descansar destes cansaços
onde os sentidos abandono.
Noite… ó noite
leito de fadigas e reparos
rejuvenescendo a dor de cada dia
com que me despertas… e vendes-me tão caros
os sonhos que matei quando nascia.
Mas toma-me, ó noite, em teus braços
e chama-me teu filho.
Eu sou alguém
que se perdeu nos sonhos de onde vem
e tenta descobrir um novo trilho.
Vadio das estrelas, vagabundo do luar
sou alguém que perdeu todos os bens
sem mais os recuperar
e dorme na noite, aconchegado
descansando nos seus braços, sossegado
e adormecendo a chorar…
Miguel Afonso
e embala-me o sono
faz-me descansar destes cansaços
onde os sentidos abandono.
Noite… ó noite
leito de fadigas e reparos
rejuvenescendo a dor de cada dia
com que me despertas… e vendes-me tão caros
os sonhos que matei quando nascia.
Mas toma-me, ó noite, em teus braços
e chama-me teu filho.
Eu sou alguém
que se perdeu nos sonhos de onde vem
e tenta descobrir um novo trilho.
Vadio das estrelas, vagabundo do luar
sou alguém que perdeu todos os bens
sem mais os recuperar
e dorme na noite, aconchegado
descansando nos seus braços, sossegado
e adormecendo a chorar…
Miguel Afonso
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Gemido
Andava um rio correndo
dentro do meu coração:
noite, fantasma gemendo
negritude, escuridão.
E a minha alma tardia
em lenta compreensão
tardiamente percebia
que era tudo uma ilusão.
Era tudo uma ilusão
era pura fantasia:
apenas meu coração
que pela noite gemia...
MIGUEL AFONSO
dentro do meu coração:
noite, fantasma gemendo
negritude, escuridão.
E a minha alma tardia
em lenta compreensão
tardiamente percebia
que era tudo uma ilusão.
Era tudo uma ilusão
era pura fantasia:
apenas meu coração
que pela noite gemia...
MIGUEL AFONSO
No curso do rio dos meus dias
No curso do rio dos meus dias
Procuro na noite a calmaria.
Mas a noite foge
A manhã urge
E chega então o dia e a ventania.
No curso do rio dos meus dias
Procuro desviar-me de incertezas.
Mas a direcção falha
Meu barco encalha
Sem que alguém ouça as minhas rezas.
No curso do rio dos meus dias
Nem sei se não navego ou naveguei.
Tudo me é vago
Dentro do que não trago
Na minha alma de poeta e rei…
MIGUEL AFONSO
Procuro na noite a calmaria.
Mas a noite foge
A manhã urge
E chega então o dia e a ventania.
No curso do rio dos meus dias
Procuro desviar-me de incertezas.
Mas a direcção falha
Meu barco encalha
Sem que alguém ouça as minhas rezas.
No curso do rio dos meus dias
Nem sei se não navego ou naveguei.
Tudo me é vago
Dentro do que não trago
Na minha alma de poeta e rei…
MIGUEL AFONSO
domingo, 25 de abril de 2010
Liberdade
terça-feira, 13 de abril de 2010
Papoila
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Meu coração negro, negro
Meu coração negro, negro
Como a minha velha capa
Chora por ti em segredo
Sobre as águas do Mondego
Sob este luar de prata.
Choro cantigas à lua
Choro as mágoas de te amar
Choro o tempo, choro a rua
Choro essa afeição tão pura
Que não quiseste aceitar.
Serenatas ao luar
Quem as não fez nesta vida
Quem não soube já cantar
As mágoas do seu penar
As dores da despedida?
E a minha capa traçada
Lonjura dos olhos teus
Lembra aquela madrugada
Onde encontrei na calçada
A rua do nosso adeus...
MIGUEL AFONSO
Como a minha velha capa
Chora por ti em segredo
Sobre as águas do Mondego
Sob este luar de prata.
Choro cantigas à lua
Choro as mágoas de te amar
Choro o tempo, choro a rua
Choro essa afeição tão pura
Que não quiseste aceitar.
Serenatas ao luar
Quem as não fez nesta vida
Quem não soube já cantar
As mágoas do seu penar
As dores da despedida?
E a minha capa traçada
Lonjura dos olhos teus
Lembra aquela madrugada
Onde encontrei na calçada
A rua do nosso adeus...
MIGUEL AFONSO
Oceanos
Procuro libertar este sentido
Nas marés de um certo mar.
Desconheço-me… quem sou ou tenho sido
Neste sonho a naufragar.
Mas não invento fados ou castigo
Que me guiariam devagar
Pelas gigantescas ondas de um bramido
Do meu peito… onde a fome é navegar…
Navegar sem ter barco ou navio
Pelos mares e oceanos de um lugar
Aonde ninguém vai ou terá ido
E onde a minha alma quer chegar…
MIGUEL AFONSO
Nas marés de um certo mar.
Desconheço-me… quem sou ou tenho sido
Neste sonho a naufragar.
Mas não invento fados ou castigo
Que me guiariam devagar
Pelas gigantescas ondas de um bramido
Do meu peito… onde a fome é navegar…
Navegar sem ter barco ou navio
Pelos mares e oceanos de um lugar
Aonde ninguém vai ou terá ido
E onde a minha alma quer chegar…
MIGUEL AFONSO
domingo, 4 de abril de 2010
sábado, 20 de março de 2010
Dedicado às meninas da TFIPCA
Capas negras bem traçadas
ó meninas, bem sabeis
que são segredos de fadas
que em vossos sonhos trazeis.
São feitiços de luar
são marés de ilusão
Primavera, sol e mar
que guardais no coração.
São tesouros bem guardados
que inebriam quem pressente
que há amores disfarçados
à vista de toda a gente.
Capa negra bem se traça
ó meninas, vós sabeis:
que não se vejam na praça
os segredos que escondeis...
MIGUEL AFONSO
ó meninas, bem sabeis
que são segredos de fadas
que em vossos sonhos trazeis.
São feitiços de luar
são marés de ilusão
Primavera, sol e mar
que guardais no coração.
São tesouros bem guardados
que inebriam quem pressente
que há amores disfarçados
à vista de toda a gente.
Capa negra bem se traça
ó meninas, vós sabeis:
que não se vejam na praça
os segredos que escondeis...
MIGUEL AFONSO
Rio de palavras
Corre um rio de palavras
na minha alma de poeta
mas o meu barco encalha
nos rochedos de incertezas
onde o meu instinto falha
e as palavras ficam presas...
MIGUEL AFONSO
na minha alma de poeta
mas o meu barco encalha
nos rochedos de incertezas
onde o meu instinto falha
e as palavras ficam presas...
MIGUEL AFONSO
Nunca te contei
Nunca te contei, amor, qual o destino
que dei um dia ao meu coração
quando me deixaste aqui sozinho…
Não, não penses que de mim o tirei fora
ou que não está curado e ainda chora
as pedradas que atiraste ao pobrezinho…
Este meu coração, digo-te agora
guardei-o bem guardado, aconchegado
nos braços de outro amor, onde ele mora
mais feliz do que já fora a teu lado.
Encontrou carinho e protecção
ternura, aconchego e calor
e agora só recorda os teus abraços
como algo que lhe causou amargor…
É feliz meu coração, neste aconchego
encontrado junto às pedras do caminho…
E ao amor passado eu arrenego
que o futuro já perdeu o timbre negro
com que ameaçava o meu destino…
MIGUEL AFONSO
que dei um dia ao meu coração
quando me deixaste aqui sozinho…
Não, não penses que de mim o tirei fora
ou que não está curado e ainda chora
as pedradas que atiraste ao pobrezinho…
Este meu coração, digo-te agora
guardei-o bem guardado, aconchegado
nos braços de outro amor, onde ele mora
mais feliz do que já fora a teu lado.
Encontrou carinho e protecção
ternura, aconchego e calor
e agora só recorda os teus abraços
como algo que lhe causou amargor…
É feliz meu coração, neste aconchego
encontrado junto às pedras do caminho…
E ao amor passado eu arrenego
que o futuro já perdeu o timbre negro
com que ameaçava o meu destino…
MIGUEL AFONSO
domingo, 14 de março de 2010
Quero ser ladrão do teu coração
Quero ser ladrão do teu coração
Depois apertá-lo em minha mão
E obrigá-lo a enamorar-se.
Ando louco com a minha solidão
E quero roubar teu coração
Para obrigá-lo a enamorar-se
De mim…
E então
Nas penumbras da minha alma
Esconderei teu coração
E perseguirei os meus sonhos
Que no teu peito estarão…
MIGUEL AFONSO
Depois apertá-lo em minha mão
E obrigá-lo a enamorar-se.
Ando louco com a minha solidão
E quero roubar teu coração
Para obrigá-lo a enamorar-se
De mim…
E então
Nas penumbras da minha alma
Esconderei teu coração
E perseguirei os meus sonhos
Que no teu peito estarão…
MIGUEL AFONSO
domingo, 7 de março de 2010
Quem somos
Quem somos nós, nesta vida
Quem queremos parecer?
Demónios
Anjos
Ou simplesmente
Humana espécie de um ser?
Quem somos nós, quem seremos
Como nos vê quem nos olha?
Demónios
Anjos
Ou simplesmente
Algo que vive sem escolha?
Quem somos nós, nesta vida
Como mostramos quem somos?
Demónios
Anjos
Ou simplesmente
Matéria isenta de sonhos?
Quem serei eu, quem és tu
Quem seremos, tu e eu?
Demónios
Anjos
Ou simplesmente
Um corpo que apodreceu?
MIGUEL AFONSO
Quem queremos parecer?
Demónios
Anjos
Ou simplesmente
Humana espécie de um ser?
Quem somos nós, quem seremos
Como nos vê quem nos olha?
Demónios
Anjos
Ou simplesmente
Algo que vive sem escolha?
Quem somos nós, nesta vida
Como mostramos quem somos?
Demónios
Anjos
Ou simplesmente
Matéria isenta de sonhos?
Quem serei eu, quem és tu
Quem seremos, tu e eu?
Demónios
Anjos
Ou simplesmente
Um corpo que apodreceu?
MIGUEL AFONSO
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Abismo
A vida é o mar
onde navego.
Se o meu barco encalhar
aonde chego?
Naufragando
sinto o meu barco virando
e a água nos meus ossos
que me leva
que me puxa
para abismais e escuros fossos…
MIGUEL AFONSO
onde navego.
Se o meu barco encalhar
aonde chego?
Naufragando
sinto o meu barco virando
e a água nos meus ossos
que me leva
que me puxa
para abismais e escuros fossos…
MIGUEL AFONSO
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Espírito e sombra
Não sei a sombra nos teus olhos cansados
tu és mistério incógnito e distante
em que escondes as misérias e a vergonha
e desconhecidos berços, falsos fados.
Não sei penumbras que o luar impõe
nos caminhos que a lua quer transpor
só sei desilusões e desencantos
e repentinas razões para o sol-pôr.
Põe-se o sol nos teus olhos e tu sonhas
sobe a lua, o luar é teu amigo
e guia o teu caminho, que escolhes
sempre em discordância de o seguir comigo.
E eu
sei apenas as marés, as ondas de uns cabelos
que penteias todas as manhãs
e prendes numa trança, que enrolas em novelo
e assim sorris à vida que me dás.
Desconheço o teu ser, não sei quem és
quando és morada e sonho em que habito
na minha alma, espírito e sombra
de um passado intransponível e maldito…
MIGUEL AFONSO
tu és mistério incógnito e distante
em que escondes as misérias e a vergonha
e desconhecidos berços, falsos fados.
Não sei penumbras que o luar impõe
nos caminhos que a lua quer transpor
só sei desilusões e desencantos
e repentinas razões para o sol-pôr.
Põe-se o sol nos teus olhos e tu sonhas
sobe a lua, o luar é teu amigo
e guia o teu caminho, que escolhes
sempre em discordância de o seguir comigo.
E eu
sei apenas as marés, as ondas de uns cabelos
que penteias todas as manhãs
e prendes numa trança, que enrolas em novelo
e assim sorris à vida que me dás.
Desconheço o teu ser, não sei quem és
quando és morada e sonho em que habito
na minha alma, espírito e sombra
de um passado intransponível e maldito…
MIGUEL AFONSO
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
A tua saia de folhos
Vento agreste nos meus olhos
envolveu meu coração
na tua saia de folhos
quando a vi cair ao chão.
Estremeceu-me a vista
iludiram-se-me os olhos
e no meu peito de artista
pintei a saia de folhos.
Depois tudo se apagou
nada mais me lembro agora
que a tua saia ilustrou
um quadro que me namora.
Pintei dentro do meu peito
aguarela de mil cores
num jardim que é o teu leito
a sede dos meus amores.
MIGUEL AFONSO
envolveu meu coração
na tua saia de folhos
quando a vi cair ao chão.
Estremeceu-me a vista
iludiram-se-me os olhos
e no meu peito de artista
pintei a saia de folhos.
Depois tudo se apagou
nada mais me lembro agora
que a tua saia ilustrou
um quadro que me namora.
Pintei dentro do meu peito
aguarela de mil cores
num jardim que é o teu leito
a sede dos meus amores.
MIGUEL AFONSO
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Lar
O criado trouxe lençóis lavados
as toalhas, a roupa interior...
Eu deixei-me ficar, de olhos fechados
a imaginar um lar, um doce amor
que me quisesse dar sonho e calor
e governasse a casa e os criados.
Nunca soube mandar ou ordenar
digo simplesmente o que pretendo
e sou obedecido... mas num lar
um verdadeiro lar como o entendo
seria até feliz obedecendo
às ordens que amor me quisesse dar.
E de olhos fechados sigo vendo
que é num lar assim que estou vivendo...
não neste hotel em que estou a morar...
MIGUEL AFONSO
as toalhas, a roupa interior...
Eu deixei-me ficar, de olhos fechados
a imaginar um lar, um doce amor
que me quisesse dar sonho e calor
e governasse a casa e os criados.
Nunca soube mandar ou ordenar
digo simplesmente o que pretendo
e sou obedecido... mas num lar
um verdadeiro lar como o entendo
seria até feliz obedecendo
às ordens que amor me quisesse dar.
E de olhos fechados sigo vendo
que é num lar assim que estou vivendo...
não neste hotel em que estou a morar...
MIGUEL AFONSO
Espectro
Ninguém diria
que aquilo era um cão;
mais parecia um bicho
um espectro anão
a vasculhar no lixo
junto ao meu portão.
Eu ia recolhê-lo
aconchegá-lo
mas ele me mordeu a mão;
não ladrou (mas era um cão)
e nunca mais tornei a vê-lo...
MIGUEL AFONSO
que aquilo era um cão;
mais parecia um bicho
um espectro anão
a vasculhar no lixo
junto ao meu portão.
Eu ia recolhê-lo
aconchegá-lo
mas ele me mordeu a mão;
não ladrou (mas era um cão)
e nunca mais tornei a vê-lo...
MIGUEL AFONSO
O barco partiu
O barco partiu... zarpou
deste cais de nostalgia
onde a esperança se cansou
de esperar pela alegria
e embarcou
nesse barco que partia...
MIGUEL AFONSO
deste cais de nostalgia
onde a esperança se cansou
de esperar pela alegria
e embarcou
nesse barco que partia...
MIGUEL AFONSO
Agulhas
Sinto
na ramagem dos pinheiros
uma ameaça sem nome...
Agulhas
que se escondem num palheiro
e um camelo que caberia inteiro
num buraco onde mora a fome...
MIGUEL AFONSO
na ramagem dos pinheiros
uma ameaça sem nome...
Agulhas
que se escondem num palheiro
e um camelo que caberia inteiro
num buraco onde mora a fome...
MIGUEL AFONSO
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Feitiço
A memória é-me cruel e traiçoeira
E por isso tu me lembras tanto…
Fizeste-me um feitiço, um encanto
Com os teus olhos de maga e feiticeira.
Quando estou contigo, à tua beira
E me acolho, sereno, em teu manto
Fico com a alma pura, de um santo
E tu és minha devota e romeira.
Fizeste-me um feitiço, um encanto
E a memória me atrai e atraiçoa
E corre sempre para estar perto de ti…
Fica presa no teu reino, no teu manto
De rainha do meu sonho, com coroa
Adornada deste amor em que morri…
MIGUEL AFONSO
E por isso tu me lembras tanto…
Fizeste-me um feitiço, um encanto
Com os teus olhos de maga e feiticeira.
Quando estou contigo, à tua beira
E me acolho, sereno, em teu manto
Fico com a alma pura, de um santo
E tu és minha devota e romeira.
Fizeste-me um feitiço, um encanto
E a memória me atrai e atraiçoa
E corre sempre para estar perto de ti…
Fica presa no teu reino, no teu manto
De rainha do meu sonho, com coroa
Adornada deste amor em que morri…
MIGUEL AFONSO
domingo, 24 de janeiro de 2010
A princesa
Tomei-me de amores por uma princesa
Que nas minhas dores se ria de mim
Perdição a minha, nesta paixão acesa
Por uma princesa que se ria assim.
Princesa de um sonho sonhado por mim
Rainha das dores, só me deu tristeza
Que paixão a minha, que não tinha fim
Perdido de amor pela sua beleza!
Que triste paixão era em mim tão acesa
Que dores passei, como sofri assim!...
No meu coração era tanta a tristeza
Até este amor um dia ter seu fim…
Perdi-me de amores por uma princesa
Que ainda se ri… mas já não é de mim!
MIGUEL AFONSO
Que nas minhas dores se ria de mim
Perdição a minha, nesta paixão acesa
Por uma princesa que se ria assim.
Princesa de um sonho sonhado por mim
Rainha das dores, só me deu tristeza
Que paixão a minha, que não tinha fim
Perdido de amor pela sua beleza!
Que triste paixão era em mim tão acesa
Que dores passei, como sofri assim!...
No meu coração era tanta a tristeza
Até este amor um dia ter seu fim…
Perdi-me de amores por uma princesa
Que ainda se ri… mas já não é de mim!
MIGUEL AFONSO
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Areia nos olhos
Tudo que eu não sabia do teu passado era areia
areia tão fina que me atiravas para os olhos...
e eu andava cego, cego por amor e por carência
pois acreditar em ti era a maneira mais intensa
de sentir que te amava...
Mas o vento, ai o vento
que semeia tempestades em tantos peitos feridos
que acorda realidades em sonhos adormecidos
fez levantar essa areia, simplesmente
e levou-a pelos ares libertando o meu olhar
e o meu triste coração...
E cego já não sou.
Tudo que eu não sabia dos teus passos era areia
que dos meus olhos já voou... E agora
nos meus passeios pela praia fora
entrego o meu olhar à ilusão
de se perder no mar e te encontrar...
MIGUEL AFONSO
areia tão fina que me atiravas para os olhos...
e eu andava cego, cego por amor e por carência
pois acreditar em ti era a maneira mais intensa
de sentir que te amava...
Mas o vento, ai o vento
que semeia tempestades em tantos peitos feridos
que acorda realidades em sonhos adormecidos
fez levantar essa areia, simplesmente
e levou-a pelos ares libertando o meu olhar
e o meu triste coração...
E cego já não sou.
Tudo que eu não sabia dos teus passos era areia
que dos meus olhos já voou... E agora
nos meus passeios pela praia fora
entrego o meu olhar à ilusão
de se perder no mar e te encontrar...
MIGUEL AFONSO
Menina que canta bem
Menina que tão bem canta
quem lhe ensinou as cantigas?
Tem uma boa garganta
como poucas raparigas.
Menina que canta bem
quem a ensinou a cantar?
Decerto que foi alguém
que gostou de a ensinar.
Menina que canta assim
quem assim a ensinou?
Quero que cante pra mim
e a ouvi-la já estou...
MIGUEL AFONSO
quem lhe ensinou as cantigas?
Tem uma boa garganta
como poucas raparigas.
Menina que canta bem
quem a ensinou a cantar?
Decerto que foi alguém
que gostou de a ensinar.
Menina que canta assim
quem assim a ensinou?
Quero que cante pra mim
e a ouvi-la já estou...
MIGUEL AFONSO
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Beijos com sabor a mar
O mar tem pedras e sal
tem sargaço, tem peixinhos
tem conchas, água e vale
tanto como os teus beijinhos.
Beijos com sabor a mar...
Lembras-te, amor, dessa praia
dos pés marcados a par
das cores da tua saia?...
MIGUEL AFONSO
tem sargaço, tem peixinhos
tem conchas, água e vale
tanto como os teus beijinhos.
Beijos com sabor a mar...
Lembras-te, amor, dessa praia
dos pés marcados a par
das cores da tua saia?...
MIGUEL AFONSO
Paixão
Havia paixão
naquela flor que trazias
na mão
nessa delicada mão com que me dizias
que não
por sinais que ninguém entenderia
mas entendeu meu coração.
MIGUEL AFONSO
naquela flor que trazias
na mão
nessa delicada mão com que me dizias
que não
por sinais que ninguém entenderia
mas entendeu meu coração.
MIGUEL AFONSO
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Tudo em mim é falso
Tudo em mim é falso
até este nome que me deram.
E sinto que a vida é um cadafalso
a que me trouxeram...
MIGUEL AFONSO
até este nome que me deram.
E sinto que a vida é um cadafalso
a que me trouxeram...
MIGUEL AFONSO
domingo, 17 de janeiro de 2010
A lavadeira
A lavadeira lavava
a roupa que alguém sujou
e ao mesmo tempo cantava
canções que a avó lhe ensinou.
Nas cantigas que cantava
encantava, a lavadeira
e quem assim a escutava
gostava da cantadeira.
Lavando a roupa no rio
bate, bate, a roupa suja
seja com calor ou frio
ela lava, o sol enxuga.
Lavadeirinha que lavas
a roupa que eu sujei
era pra mim que cantavas
as cantigas que escutei?
Eu sei que ninguém mais tem
ó bela lavadeirinha
roupa mais branca que a minha...
MIGUEL AFONSO
a roupa que alguém sujou
e ao mesmo tempo cantava
canções que a avó lhe ensinou.
Nas cantigas que cantava
encantava, a lavadeira
e quem assim a escutava
gostava da cantadeira.
Lavando a roupa no rio
bate, bate, a roupa suja
seja com calor ou frio
ela lava, o sol enxuga.
Lavadeirinha que lavas
a roupa que eu sujei
era pra mim que cantavas
as cantigas que escutei?
Eu sei que ninguém mais tem
ó bela lavadeirinha
roupa mais branca que a minha...
MIGUEL AFONSO
No serão
Menina-mar
onde estão
as tuas saias?
Que vais estrear
no serão
das tristes praias?
Menina-rua
onde estão
os teus vestidos?
Por que andas nua
no serão
dos esquecidos?
Menina-rio
onde estão
as tuas blusas?
Por que tens frio
no serão
das tristes musas?
Menina-vento
onde estão
as tuas roupas?
Por que o lamento
no serão
das tristes loucas?
MIGUEL AFONSO
onde estão
as tuas saias?
Que vais estrear
no serão
das tristes praias?
Menina-rua
onde estão
os teus vestidos?
Por que andas nua
no serão
dos esquecidos?
Menina-rio
onde estão
as tuas blusas?
Por que tens frio
no serão
das tristes musas?
Menina-vento
onde estão
as tuas roupas?
Por que o lamento
no serão
das tristes loucas?
MIGUEL AFONSO
Pedras do caminho
Há em cada pedra do caminho que persigo
uma lonjura enorme, um frio estremecer
uma gelada forma de viver
que me atrofia o medo em que te sigo.
Eras sereia, eras concha, maresia
estrela de um mar onde os sargaços
se envolveram nos meus braços
e me impediram o abraço que pedias.
Percorro praias, recolho tantas pedras
que guardarei, sim, guardarei eternamente
no aconchego do meu peito ainda quente
do calor de um abraço que eu não dera...
MIGUEL AFONSO
uma lonjura enorme, um frio estremecer
uma gelada forma de viver
que me atrofia o medo em que te sigo.
Eras sereia, eras concha, maresia
estrela de um mar onde os sargaços
se envolveram nos meus braços
e me impediram o abraço que pedias.
Percorro praias, recolho tantas pedras
que guardarei, sim, guardarei eternamente
no aconchego do meu peito ainda quente
do calor de um abraço que eu não dera...
MIGUEL AFONSO
Sal e maresia
És gosto a maresia
E eu deixo-me tentar
Pelas sombras já passadas
Que teimam em voltar.
Não peço o teu destino
Basta-me apenas ser
A estrada e o caminho
Que conduzem teu viver.
Amanhece, vai-se a noite
Como sal que se derrete
Entre as sombras e as saudades
Que a dor já me promete…
MIGUEL AFONSO
E eu deixo-me tentar
Pelas sombras já passadas
Que teimam em voltar.
Não peço o teu destino
Basta-me apenas ser
A estrada e o caminho
Que conduzem teu viver.
Amanhece, vai-se a noite
Como sal que se derrete
Entre as sombras e as saudades
Que a dor já me promete…
MIGUEL AFONSO
Quando o pobre por nós passa
Quando o pobre por nós passa
Desviamos o olhar
Temendo a sua desgraça
Que possa contagiar.
Quando olhamos a pobreza
Fingimos não perceber
Que o que sobra à nossa mesa
A outros falta a comer.
Desviamos o olhar
À passagem da pobreza
Fingimos nada notar
Nem a esmola queremos dar
Eles que vão trabalhar
Que é nossa a nossa riqueza.
Quando o pobre por nós passa
Fingimos que não o vemos
E é essa a nossa desgraça
Porque enquanto o pobre passa
Somos nós que empobrecemos
Ao vê-lo e nada fazermos.
MIGUEL AFONSO
Desviamos o olhar
Temendo a sua desgraça
Que possa contagiar.
Quando olhamos a pobreza
Fingimos não perceber
Que o que sobra à nossa mesa
A outros falta a comer.
Desviamos o olhar
À passagem da pobreza
Fingimos nada notar
Nem a esmola queremos dar
Eles que vão trabalhar
Que é nossa a nossa riqueza.
Quando o pobre por nós passa
Fingimos que não o vemos
E é essa a nossa desgraça
Porque enquanto o pobre passa
Somos nós que empobrecemos
Ao vê-lo e nada fazermos.
MIGUEL AFONSO
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