Toma-me, ó noite, em teus braços
e embala-me o sono
faz-me descansar destes cansaços
onde os sentidos abandono.
Noite… ó noite
leito de fadigas e reparos
rejuvenescendo a dor de cada dia
com que me despertas… e vendes-me tão caros
os sonhos que matei quando nascia.
Mas toma-me, ó noite, em teus braços
e chama-me teu filho.
Eu sou alguém
que se perdeu nos sonhos de onde vem
e tenta descobrir um novo trilho.
Vadio das estrelas, vagabundo do luar
sou alguém que perdeu todos os bens
sem mais os recuperar
e dorme na noite, aconchegado
descansando nos seus braços, sossegado
e adormecendo a chorar…
Miguel Afonso
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