terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Espírito e sombra

Não sei a sombra nos teus olhos cansados
tu és mistério incógnito e distante
em que escondes as misérias e a vergonha
e desconhecidos berços, falsos fados.

Não sei penumbras que o luar impõe
nos caminhos que a lua quer transpor
só sei desilusões e desencantos
e repentinas razões para o sol-pôr.

Põe-se o sol nos teus olhos e tu sonhas
sobe a lua, o luar é teu amigo
e guia o teu caminho, que escolhes
sempre em discordância de o seguir comigo.

E eu
sei apenas as marés, as ondas de uns cabelos
que penteias todas as manhãs
e prendes numa trança, que enrolas em novelo
e assim sorris à vida que me dás.

Desconheço o teu ser, não sei quem és
quando és morada e sonho em que habito
na minha alma, espírito e sombra
de um passado intransponível e maldito…

MIGUEL AFONSO

1 comentário:

Felipa Monteverde disse...

Espírito e sombra... belo poema!