quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Teu reino

Quando as marés eram o reino em que vivias
e eu um príncipe, quebrando a barreira dessas águas,
a vida era o silêncio que calava
toda a imensidão das minhas mágoas.

Fui nostalgia, quebrando as marés
na ansiedade de te ter junto a mim
sem sequer saber ou desvendar
esse reino escondido em teu jardim.

Tu foste um sonho alado
que já bateu as asas e voou
e eu fiquei retido no passado
que daqui se foi e não voltou.

Tu vivias escondida no teu reino
e eras fada ou feiticeira
eu era apenas príncipe encantado
que nos teus olhos via a vida inteira.

E foi assim, assim era este amor
um amor que foi amaldiçoado
encanto que nasceu pra ser quebrado
maldição que me era bênção e louvor.

Eram as marés esse teu reino
eram as marés o teu refúgio…

E eu era príncipe inexperiente
tentando navegar, ser um marujo
nesse teu mar de sonho sempre ausente
quebrando as barreiras
subindo amargas ondas
nas revoltas águas de um mar sujo…

E o tempo passou…
O mar em que vivias já secou
teu reino dissipou-se e já não és
rainha do meu sonho, que findou
levando a minha alma… e pisou
todas as minhas mágoas aos teus pés…

MIGUEL AFONSO

1 comentário:

Felipa Monteverde disse...

Teu reino erigiu-se nas marés de um breve sonho que acabou quando surgiu a alvorada...