segunda-feira, 7 de março de 2011

Ciúme

O vento trouxe-me o som da tua voz
contou-me os segredos que guardavas
depois passou e foi, correu veloz
e com ele levou tuas palavras.

Fiquei sozinho na praia, remoendo
marés de pensamentos e ciúme...
Passa, tempo, passa, que estou vendo
que amar é faca de afiado gume...

E eu amo... sentindo o agudo gume da traição
cravado lentamente no meu peito...
que me mata, dilacera o coração
e distorce um amor que pensei perfeito.

A culpa é do vento, que me disse
palavras que trazia e que disseste.
Segredos que guardavas... ah, tolice
eu bem sei que nunca nada me escondeste...

Mas este ciúme, esta ansiedade
este mal-estar no pensamento...
Amor, diz-me que não é verdade...
que palavras nada são, leva-as o vento...


Miguel Afonso

1 comentário:

Felipa Monteverde disse...

Palavras leva-as o vento
já dizia a minha avó;
Ciúme é inútil tormento
capricho do pensamento
que à razão embrulha em nó...