Trazias as madrugadas
presas entre os dedos
as noites soltas nos cabelos
nos olhos toda a imensidão do mar.
Eu esperava-te no tempo
para te aconchegar nos braços
e contigo navegar.
Sereia adormecida
que nos sonhos se entregava à vida
e no tempo me chamava
eu queria ser esses sargaços
que te envolviam nos seus laços
quando o sono te embalava.
No tempo te busquei
quando a eternidade prometia
o que o sonho jamais prometeu.
Navegante de sonhos me fazia
entre as negras brumas e neblinas
em que a tua alma se escondeu.
Procuravas-me?
Jamais me procuraste.
Passaste por acaso nesta estrada.
Eu estendi os braços e os sentidos
e libertei de ti as madrugadas
dando às noites o que a elas pertencia.
Os sonhos, as marés do teu olhar
as tempestades... tudo devolvi
que o tempo já deixou de te afagar.
E é agora nos meus braços
que sentes o aroma dos sargaços
nos meus olhos vês a imensidão do mar.
Miguel Afonso
2 comentários:
Absolutamente sublime este poema! Fico rendida à sua poesia. Obrigada por me ter visitado:))! Beijinho. Ailime
Uma sereia salva da tempestade...
Enviar um comentário