domingo, 27 de janeiro de 2013

Aroma de sargaços

Trazias as madrugadas
presas entre os dedos
as noites soltas nos cabelos
nos olhos toda a imensidão do mar.
Eu esperava-te no tempo
para te aconchegar nos braços
e contigo navegar.

Sereia adormecida
que nos sonhos se entregava à vida
e no tempo me chamava
eu queria ser esses sargaços
que te envolviam nos seus laços
quando o sono te embalava.

No tempo te busquei
quando a eternidade prometia
o que o sonho jamais prometeu.
Navegante de sonhos me fazia
entre as negras brumas e neblinas
em que a tua alma se escondeu.

Procuravas-me?
Jamais me procuraste.
Passaste por acaso nesta estrada.
Eu estendi os braços e os sentidos
e libertei de ti as madrugadas
dando às noites o que a elas pertencia.

Os sonhos, as marés do teu olhar
as tempestades... tudo devolvi
que o tempo já deixou de te afagar.
E é agora nos meus braços
que sentes o aroma dos sargaços
nos meus olhos vês a imensidão do mar.

Miguel Afonso

2 comentários:

Ailime disse...

Absolutamente sublime este poema! Fico rendida à sua poesia. Obrigada por me ter visitado:))! Beijinho. Ailime

Felipa Monteverde disse...

Uma sereia salva da tempestade...