quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Quando o pai passava

Imagem do Google


Quando o pai passava
o silêncio caminhava de encontro às paredes 
a negrura das roupas da mãe amarelecia o sol do seu olhar. 
Eu olhava. E repetia em pensamento os passos do meu pai. 
 
Para onde ia? Nunca soube,
apenas percebia em cada canto da cozinha 
a sua ausência e o olhar da minha mãe 
que me sorria.
 
A ausência do meu pai alegrava a minha mãe,
que assim descansava as costas e o trabalho por fazer. 
Eu não sabia. Não sabia se era boa essa ausência 
mas sabia que era bom o sol brilhar no olhar da minha mãe.
 
Miguel Afonso

2 comentários:

Felipa Monteverde disse...

Pobre menininho triste...

Ailime disse...

Belíssimo poema tal como o brilho do olhar da "mãe"! Divino! Beijinho Ailime