quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ficção

A cada conversa aumentava a fome
de sorver em cada palavra a tua vida
tudo em mim respirava o teu nome
tortura maior e mais apetecida.

Ouvia calado a tua voz serena
falar não conseguia, apenas te ouvir,
para relembrar depois essa conversa amena
entre nós os dois, antes de ir dormir.

A tua voz era pra mim refúgio
abrigo casto que me acolhia
na serenidade do teu belo rosto
quando me olhava e sempre me sorria.

Recordo esses dias, as tuas palavras
ficaram gurdadas no meu coração.
Ainda me lembro do que me falavas
ainda recordo tudo com paixão.

Paixão era tudo, tudo o que eu sentia
e assim vivi até me aperceber
que vivendo assim cada vez mais morria
dentro do meu peito a fome de viver.

Vivi só para ti, olhando a TV
como quem espera o amor ansiado
na telenovela que qualquer um vê
na doce heroína que alguém há criado...

Miguel Afonso

2 comentários:

Isabela disse...

Senti no peito o pulsar mais forte ao ler suas palavras. Muito lindo!
PS.: Já estava com saudades do meu amigo de Portugal...

Felipa Monteverde disse...

Amor de TV, real ou imaginário?
Real para quem o sente, sem dúvida.

Ks