o silêncio caminhava de encontro às paredes
a negrura das roupas da mãe amarelecia o sol do seu olhar.
Eu olhava. E repetia em pensamento os passos do meu pai.
Para onde ia? Nunca soube,
apenas percebia em cada canto da cozinha
a sua ausência e o olhar da minha mãe
que me sorria.
A ausência do meu pai alegrava a minha mãe,
que assim descansava as costas e o trabalho por fazer.
Eu não sabia. Não sabia se era boa essa ausência
mas sabia que era bom o sol brilhar no olhar da minha mãe.
Miguel Afonso